sábado, 28 de fevereiro de 2015

VALORIZE TEU EMPREGO



 
 
 
 
Hoje me lembrei, olha que fato curioso, do Sergio Mallandro. Na verdade, lembrei-me de um dos encerramentos de seu programa na época que ele trabalhava na CNT- Gazeta. Como de costume, sempre que encerrava seus programas, o Sergio deixava uma mensagem, e naquele dia não foi diferente. Ela falou sobre a importância que devemos dar ao nosso emprego independentemente se ele é ou não o melhor do mundo. Disse que é melhor estarmos empregados que procurando emprego, e por isso devemos ser gratos pela condição.

 Eu concordo plenamente com o Sergio. Vejo tantas pessoas que passam o dia ou dedicam muito tempo a reclamar do emprego. Reclamam do chefe, do salário, dos benefícios, do ambiente, dos colegas... e nunca dedicam sequer um minuto para agradecer a Deus por possuir um emprego que lhes permite sustentar a família, pagar as contas, aprender ou aprimorar-se profissionalmente.

 Quantas pessoas não encontro, quando ando pelo centro de Campinas, com uma pasta cheia de currículos debaixo dos braços, saindo das agências com uma fisionomia preocupada, triste, esperançosa, enfim, desejando muito estar na condição que muitos não valorizam, empregados.

 Não quero dizer que não devemos reivindicar nossos direitos, que devemos ser tratados como escravos, mas há pessoas que se comportam como se merecessem algo melhor, quando o primeiro passo para isso é ser um grande profissional.

 Seja grato por teu emprego, porque vivemos em uma realidade difícil. Como diz o professor Marins, consultor empresarial, passamos grande parte de nosso dia trabalhando e temos que aprender a gostar do que fazemos. E quem gosta do que faz é valorizado, e não tem tempo para reclamar.

 
 
ALEXANDRE CAMPANHOLA

sábado, 21 de fevereiro de 2015

DECEPÇÕES AMOROSAS: Obsessiva


 
 
 
As brigas com o namorado eram constantes por seu ciúme desmedido. Desde o começo do relacionamento, ela conhecia a insuportável popularidade dele com as mulheres, sua capacidade nada agradável de fazer amigas. Quando saiam juntos, investigava minuciosamente seus olhares e não o deixava sozinho sequer por um segundo. Telefonava-lhe várias vezes durante o dia, sobretudo nos finais de expediente, e era precisa no cálculo do tempo que ele deveria chegar em casa. Realmente, ela não admitia infidelidade. Às vezes, atentava-se à alguma notícia sobre crime passional no noticiário da TV, e adorava quando uma infidelidade era vingada com derramamento de sangue. Se soubesse, no salão de beleza, que alguma conhecida estava traindo o marido ou vice-versa, logo se revoltava e discursava criticamente para as amigas, expondo os seus valores e princípios. O namorado sentia-se sufocado, sempre com as roupas examinadas, os registros de telefonemas verificados, aquela desconfiança sem limites. Em virtude de tanta obsessão, já não recebia amigos em casa, somente seu sócio na empresa onde trabalhava, junto do qual planejava as ações naquele negócio. Para o namorado, a única vantagem de ter uma namorada tão severa no aspecto da fidelidade era que nunca seria traído. Até que se decepcionou. Foi quando a flagrou aos beijos com o sócio certa noite, quando um trânsito horrível o impediu de chegar pontualmente em casa. Ela, depois de insistentes olhares daquele homem e dos telefonemas ousados, resolveu ceder ao seu discurso profano de que trair é muito excitante.


 
SÉRIE: DECEPÇÕES AMOROSAS
MINICONTOS DE ALEXANDRE CAMPANHOLA
 

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O ASILO - 13/02/2012



 
 
 
 
Quem defronte passava àquele hostil portão,

Cujas grades pareciam as de uma cela,

Ocultar não podia um súbito pavor

Da atmosfera matutina que se esfumando,

À tarde concedia o retorno triunfal.

Percebendo os vultos que em meio aos arvoredos,

Lentamente vagavam quais sombrios fantasmas,

Quem defronte parava àquele hórrido exilo,

Por aflição ou pena, emoções indecisas,

Maldizia seus reflexos que são efêmeros,

Quando se entende que a mudança nunca cessa.

 

Era um recinto calmo o que detrás surgia,

Daquele rude vestíbulo que instigava

As dolorosas angústias e os pesadelos;

Era uma clausura onde as bruscas recordações

Nos ouvidos frágeis cruelmente gemiam.

Lá, os horizontes da esperança fugindo

Das ânsias navegantes, dos lentos ocasos,

O amanhecer feliz tornavam interdito.

As mágoas eram corbelhas de negras flores,

De desprezos medonhos, de frutos tão ácidos,

E perdiam-se nos sulcos das frias faces.

Remorsos confusos também em cinzas nuvens,

Enegreciam aqueles instantes tétricos,

Ameaçavam com estrondos esquecidos.

Mas, seria mesmo por culpa atroz e vil,

Que aquela gente abandonada, envelhecida,

Fora privada de morrer em solo humano?

 

Oh! Quem lamentava possuir semelhança

Com os algozes que aquele portão cruzaram,

Que decidiram o passado destroçar,

Ao espreitar o movimento tão retrógrado,

Ao respirar aqueles ares tão senis,

Não mais sabia se encontrava a confiança

Nas sensações que nasciam ao seu redor.

 

E o entardecer adejava sobre o acre campo

De criaturas recurvas, encarquilhadas...

Onde infantis posturas eram encenadas;

Gargalhadas secas do desvario cortavam

As cortinas do silêncio perturbador.

Uma expressão malsã, uma tremente fala

Balbuciava a quem nem sombra produzia;

Aos raios do meio-dia o recolhimento,

A sopa trescalando, o violão dormente

Debaixo da laranjeira há pouco explorada,

E os ruídos de folhas secas sob os pés

Arrastadas naquele lodoso terreno.

Mais tarde, o sono fraterno em seu colo tinha

Aqueles infantes infensos ao vigor,

Talvez sábios para nutrir seus fundamentos,

Ou de uma mão tão caridosa dependentes.

 

 
ALEXANDRE CAMPANHOLA


sábado, 7 de fevereiro de 2015

DECEPÇÕES AMOROSAS: Dedicada mas em vão






Ela fez tudo por ele. Primeiro teve que enfrentar o preconceito alheio, que não aceitava o fato de ela “branquinha” ir morar com um “negrinho”. Ela nunca deixou de trabalhar, porque conhecia a tendência dele ao desemprego, sua fácil inclinação ao ócio, e por muito tempo o sustentou. Sempre se dedicou a sua condição de esposa, deixava o lar impecavelmente organizado, dava-lhe muito mimo, defendia-o das críticas de seus familiares. Ela calou muitas vezes seu ciúme, controlou os impulsos provocados pela TPM, tolerou às frequentes vezes que ele passava a noite fora de casa. Foi chamada de submissa, conivente, fraca. Soube como ninguém demonstrar seu amor, sua paixão e seu carinho. Fez tudo por ele, mas em vão. Na primeira oportunidade, ele a deixou.

 
 
 
SÉRIE: DECEPÇÕES AMOROSAS
MINICONTOS DE ALEXANDRE CAMPANHOLA